Eu moro difavô na casa de uns amigos. Aqui tem luxo e mordomia, comidinha quentinha no almoço e no jantar, vista para o pôr-do-sol e ponto de ônibus pertinho, pertinho.Grande parte da dolce vita tem motivo: a moça que trabalha aqui. Depois de morar cerca de três anos sozinha, eu aprendi a dar valor para camisas passadas, feijão cozido no dia e um banheiro tinindo de limpo. No ano passado, nem faxineira eu tive. Então agora é só alegria!
Mas a moça tem um efeito colateral na minha vida: o telefone toca o dia todo. Como os tais amigos ficam o dia todo fora, trabalhando, eu acabo atendendo na maioria das vezes as ligações. NUNCA é pra mim (inclusive porque eu não divulgo o número daqui, porque daí vira a casa da mãe Joana). O saco é que é sempre a mesma fia que liga. O diálogo nunca muda:
Eu: - Alô?
Fulaninha: - Por favor, a Sicraninha está?
Eu: - Está, quem gostaria?
Fulaninha: - É a amiga dela.
E é assim, sempre. O mesmo diálogo, ipsis literis, todas as vezes que ela liga. Depois de umas duas vezes eu já comecei a reconhecer a vozinha fanha da moça, mas como eu não perco o hábito de perguntar quem é o meu interlocutor...
De tanto que a moça daqui bate-papo ao telefone, eu fico com medo dos meus amigos acharem que sou eu que alugo a linha. Juro que qualquer ligação que eu faço sai do meu celular. Mas, pô, além de tudo, eu virei governanta agora?
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
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