terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

(Ir)respeitável público

Neste último fim de semana, fui ajudar meu tio, que é produtor, a vender cd´s e dvd´s após os shows do artista que representa.

Tudo muito bom, tudo muito bem. O conceito era simples: separar o material, arrumá-lo na bilheteria e aguardar o fim do show, quando pessoas civilizadas viriam observar as amostras já devidamente alocadas no balcão (sem seus respectivos cd´s dentro da caixa, por uma questão de precaução) e pagariam pela mercadoria a ser adquirida. Certo? Errado.

Foi uma loucura! Hordas de pessoas ensandecidas se acotovelavam diante do balcão, ignorando qualquer senso de civilidade ou algo meramente semelhante a uma fila. Os cd´s e dvd´s que estavam na parte interna do balcão e que, por supuesto, eram para serem vendidos e estavam teoricamente fora do alcance dos compradores, começaram a ser manuseados sem cerimônia por várias dúzias de seres humanos desprovidos de educação e bom-senso.

Em picos de vendas que duravam 15 minutos, eu tinha que dividir minha atenção em 298458 partes e pessoas, explicando qual cd tinha tal música, tal estilo, tal preço, apesar de já ter afixado previamente etiquetas no cartaz e nos cd´s, indicando os preços. As pessoas perguntavam o óbvio e eu, com um sorriso no rosto, respondia o ululante. Milhares de mãos esticadas portavam cédulas de reais impacientemente. O meu namorado, que não fala português, teve que ficar de olho nas pessoas que atacavam a mercadoria atrás do balcão, atento para qualquer manifestação de delito.

No sábado, eu até montei um cordão de isolamento e coloquei uma plaquinha escrito "Caixa" em cima do balcão, esperando que os desesperados consumidores finalmente fossem iluminados com a luz da organização. Ledo engano. Mesmo com um público considerado intelectual, seleto e alternativo, os instintos mais primitivos dos seres humanos insistem em se sobrepor a qualquer manifestação de coletividade.

Não bastasse tudo, a chuva nos castigou todas as noites, nos ensopando gratuitamente. Mas como dito, foram apenas picos de vendas e não foram gratuitos. Ganhei a minha comissão, circulei no backstage (que é sempre uma coisa muito bacana), conheci a produção toda, que é simpaticíssima, comi milhares de salgados e docinhos deliciosos dos camarins, assisti de graça ao show todos os dias e para o bem de todos e alívio geral da nação, fechei a contabilidade com perfeição. Nem um real a mais, nem um real a menos.

Três vivas à minha racionalidade diante do desespero!!!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Largo da Batata Fashion Week

People of England,

Eu sei que tenho muito pano pra manga de um post sobre a festa de formatura da minha turma da faculdade. Mas eu confesso que, além da preguiça que me acomete no momento, desfruto de merecidas nove semanas e meia de amor. Yes, Mr. Tudor está em Terra Brasilis e eu pretendo gastar meu tempo de forma bastante otimizada, e não necessariamente alimentando esta página. Naturalmente que não deixarei meu reino ao léu, só não garanto assiduidade.

Para aliviar um pouco a imagem de sanguinária, resolvi cumprir uma promessa feita à Gabriela, publicando neste espaço uma foto cobiçadíssima pelo The Sun:

Para resguardar a minha privacidade e a dos demais membros da realeza, utilizei meus dotes no Paint, modificando ligeiramente a imagem. (Ok, bandeira branca, eu não me formei em informática!).

Eis o meu outfit. Não é YSL nem Valentino, mas não me deixou na mão. Entre plumas e paetês, garanto que meu vestido Pomme de Terre Couture foi o mais confortável e fresquinho daquele salão!

Quanto à faixa, está escrito "Miss Princípios". E esta é uma história para outro post.

Yours sincerely,

Mary

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sem cerimônia

Então que ontem foi a colação de grau da minha turma.

Aquela coisa toda, né? Decoração cafona, com flores penduradas (caídas) numa mesa coberta de um pano azul-royal, música de um, cof, coral (que na verdade eram duas pessoas, um homem e uma mulher, acompanhados por um teclado), mestre-de-cerimônias com a voz grave e problemas com próclise, ênclise e mesóclise e uma horda de pais orgulhosos, formandos sorridentes e um total discenso em relação ao dress code da cerimônia.

Eu me acomodei no fundo da platéia, junto aos meus amigos igualmente não pagantes daquela festa. No fim das contas, todos concordamos que foi ótimo não ter aderido ao pacote da colação de grau que, sozinha, custava 700 reais (naonde que a uma hora de cerimônia custou tanto???). Nada saiu do script. Antes da entrada dos formandos e suas becas, os cantores cantaram em solo (ai, meus ouvidos) uma música cada um. Detalhe: eram músicas bregas de dor-de-cotovelo. Oi? Cadê aqueles clichês de "Amigos para Sempre", "We are the champions" ou similares? Enfim. Depois da devida acomodação dos formandos "oficiais" (pagantes), o tal do mestre-de-cerimônias começa a ladainha.

Ok, este é um capítulo à parte: foi anunciado o vice-coordenador do curso. Alô-ou? O meu coordenador nem sequer deu as caras na colação. O cara é tão ausente, tão ridículo, tão %!#%@?^ (insira o insulto de sua preferência) que teve a pachorra de não prestigiar a nossa formatura. Não bastasse isso, o vice-coordenador, encarregado de iniciar a cerimônia oficialmente, diz "Declaro a abertura dos trabalhos". Oh dear, parece que a gente está em uma conferência e que a mesa em cima do palco é composta de acadêmicos que vão discutir algum tema na rodada, e não um grupo de acadêmicos homenageados com flores e discursos piegas.

Em seguida, vieram as falas das duas oradoras das turmas. A da minha sala fez um discurso divertido, provocando muitas risadas. A da outra sala provocou vergonha alheia, proferindo um discurso confuso, superficial e tropeçando diversas vezes na leitura da sua cola. Shame shame shame.

Logo após, os dois paraninfos tomaram o palanque. O nosso, confuso como sempre, acabou dando uma aula no lugar de uma lição de vida aos formandos. O outro conseguiu ser tão poético que um cisco quase entrou no meu olho.

Acredito que nessa ordem, posteriormente vieram as homenagens aos professores e pais (com direito a flores de cada formando para sua família, o que gerou um certo congestionamento de pessoas perdidas entre as fileiras dos assentos do teatro) e finalmente o juramento, que eu nem sabia que existia para o meu curso.

Mais uma música descontextualizada ("Abra suas asas, solte suas feraaaas") e fim.

Na verdade, a noite não foi ruim. Eu me diverti com a obviedade da coisa toda e depois da cerimônia fui com meus amigos (pagantes com suas famílias e não pagantes sem) para uma pizzaria. Lotamos várias mesas e nos empanturramos enquanto jogávamos conversa fora, hidratados com muito chope.

O saldo, sem dúvida, foi positivo. Adoro a minha turma, a minha panelinha da faculdade. Reconheço o que cada um representa pra mim. E sim, vou sentir falta dos tempos passados com eles diariamente nas carteiras da faculdade. Mas devo confessar que pra mim é muito mais significativo o que vamos fazer hoje e amanhã, que é ir ao bar comemorar o aniversário da minha amiga e na quinta revelar o amigo-secreto. Sem pompa, sem circunstância eu quero poder brindar e rir dos quatro longos anos que passamos juntos.

Meu pé, meu querido pé que me aguenta o dia inteiro-o-o

Demorei mas volte à ativa. Aviso aos navegantes que o trabalho (aka o único lugar onde tenho acesso à Internet durante a semana) está bastante corrido, o que me dificulta na hora de atualizar a minha vida cibernética. Mas no último fim-de-semana pude desfrutar de uma trégua nas responsabilidades e fui com o clã Tudor para a maravilhosa Ilha Bela.

De mala, cuia e agregados, a família rumou sentido litoral norte com pouco dinheiro no bolso e saúde pra dar e vender, mudando um pouco as promessas de ano novo. Conseguimos emprestado de amigos muito legais uma casa na ilha que era pequena mas muito aconchegante e tinha o principal objeto de felicidade de um turista na praia: uma piscina!

Passei 3 dias por lá, comendo, torrando no sol e nadando no mar e na água adoçada com cloro. Fomos pras praias do Curral e Grande (não confundir com o esgoto do litoral sul). Não preciso dizer que o sol maravilhoso que castigou a minha alva pele estava presente durante todo o dia, propiciando que esta que vos fala passasse do Branco Omo pro Beje Baunilha. Foi bom, muito bom. Papai mestre-cuca preparou um delicioso risoto de frutos do mar, que atacamos numa tarde esfomeada à beira da piscina. Resolvi que essa seria a minha Ilha de Caras e desfrutei de todo luxo e sofisticação que as águas cristalinas da Ilha podem oferecer.

Tudo muito bom, tudo muito bem... até que a gente recorda que a Ilha Bela é famosa pelo sorvete Rocha e pelos demônios insuportáveis encarnados na forma de borrachudos. Táqueupariu! O banquete que esses seres malévolos fizeram no meu tornozelo é de deixar Babette com inveja. Uma verdadeira orgia gastronômico-sanguínea foi promovida sem o meu consentimento. Lógico que a lei de Murphy que controla a sua, a minha, as nossas vidas permite que eu, um ser elevado espiritual e fisicamente seja, alérgica às picadas dos abomináveis bichinhos. É claro que a sorte grande que resolveu me abraçar e nunca mais me soltar fez com que meus tornozelos ficassem inchados como uma portadora de elefantíase bem na semana da minha formatura. Parabéns, destino, você cumpriu novamente sua função.

Agora, o que me resta é me besuntar com quilos e mais quilos de Fenergan, deixar os pezinhos para o alto e gastar dinheiro com ônibus, já que andar a pé é um martírio.

Com isso, tive que postergar inclusive a segunda rodada de compras para o baile de sexta-feira, já que tenho uma pendência com sapatos. Agora me diz como eu vou conseguir comprar um sapato de salto (ou mesmo experimentar) se eu mal consigo fechar a fivela de uma sandália rasteirinha? Se eu estou indo trabalhar de Birkenstocks, como eu vou dançar chão-chão-chão com sete centímetros abaixo da planta dos meus pés?

O que me resta é torcer para que as Havaianas sejam distribuídas logo nos primeiros 20 minutos de festa...