sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Povão Pride

Eu me formei. Quero dizer, estou para me formar, ainda que não tenha escrito meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso, monografia, ou sei-lá-como se chama no seu vocabulário). A questão é que semana que vem tem a minha festa de formatura. Na verdade eu não queria entrar NESTE mérito da questão, já que eu não aderi ao pacote colação de grau & baile por vários motivos. Acho muito caro (R$ 2.145, se add na minha conta do Banco Real) e detesto essa mercantilização das festas em geral (debutante, casamento, formatura). Acho um porre uma empresa mandar e desmandar numa comemoração que deveria ser pessoal (no caso, grupal). Fora que eu acho brega a história da valsa, do papel picado, do vestidão de chiffon... essas coisas todas que as pessoas (no caso, as meninas) acham superhipermegaimportantes e imprescindíveis. Eu passo. Sem contar que dos ritos de passagem, este é dos menos importantes pra mim. Tá, legal, me formei, UHU! Prefiro ainda assim viajar com a minha turma (meus amigos, e não meus colegas com os quais eu nem conversei ao longo de quatro anos).

Anfã, eu vim escrever sobre outra coisa. Não adianta, eu me conheço. Assim como as minhas amigas, que me apelidaram de Miss Princípios. Essa história da formatura revolve o espírito revolucionário dentro de mim. A questão REAL deste post é que ontem eu fui bater perna em Pinheiros pra comprar o meu vestido.

Como era de se esperar, a região é bem barata. Não queria de jeito nenhum gastar muitas centenas de realetas num vestido brega que eu usaria uma ou duas vezes na vida. Sou básica demais para me arriscar em tafetás, rendas e drapeados. Sem contar que uma vez por Era Glacial aparece um evento que exija um longo. Bati muita perna, já que mercadoria barata= made in East. Não é por nada não, mas quase todas as lojas que eu visitei tinham a mesma (má) qualidade, com vestidos costurados na Coréia (do Norte, provavelmente). Todo vestido legalzinho que eu vi tinha um caimento esquisito, uma costura aberta, um acabamento mal-feito. Não nego que vi um ou dois bem interessantes, pretos e sem frufrus. No máximo uma saia reta plissada. Mas ainda assim não havia me convencido em gastar uns 160, 170 reais em uma peça que podia provocar um strip-tease involuntário durante o chão chão chão que vai rolar na festa.

Depois de três horas irritantemente destinadas a experimentar vestidos e mais vestidos (como eu ODEIO experimentar roupa!) e vivendo momentos únicos ao lado de vendedoras inexperientes/sem noção que me agraciavam com pérolas como "Você é a formante (sic)?" ou "Mas você é básica demais, hein?", ou ainda que pediam licença DEPOIS de terem aberto a cortina no provador enquanto eu estava trocando de roupa, eu finalmente econtrei um rolo de pano cerzido pra chamar de meu! Numa loja a duas quadras do malfadado Largo da Batata adquiri um tomara-que-caia indescritível. Não sei o nome do pano, mas sei que ele é beeeem levinho e não marca o corpo, fica solto, não emoldurando minhas banhas. A cor... hm... imagine um tye dye cinza, beje e verde. Imaginou? Agora imagine bonito, e não essa gosma hippie horrorosa que invadiu seus pensamentos. Pronto. Este é meu vestido, sem mais nem menos. Adorei porque ele é tão versátil que eu posso usar numa noite na praia com um chinelinho rasteiro ou numa ocasião chique como a minha formatura. Confesso que encontrar uma sandália que combine vai ser um pouco complicado. Eu detesto tons metálicos, como dourado, prateado e cobre, essas cores típicas de festa. Tenho uma semana pra me resolver.

Em suma, fiquei contente com o resultado. Ao contrário das minhas amigas, que estão há uns seis meses preocupadas com o vestido, gastando montanhas de dinheiro com costureira, lojas chiques e acessórios mirabolantes, eu posso dizer que não me estressei, não me endividei e du-vi-de-o-dó que exista alguém naquela festa com um modelito igual.

Porque alta costura, meus amores, é pra perdedores.

3 comentários:

Gabriela Martins disse...

Eu compartilho do seu sentimento em relação à formatura. Já me formei uma vez e quis pular fora da festa nos 45 minutos do segundo tempo (identificação zero com a minha turma, quem era amigo meu mesmo nem foi ao baile), mas não rolou. Então aproveitei, comi e bebi bastante, dancei... mas fiquei longe de sentir o que a minha irmã descreveu na dela, "o dia mais feliz da minha vida". Vou me sentir assim o dia que eu conseguir fazer um freela bem pago.

Tô quase me formando de novo, mas agora é diferente: Belas Artes não faz baile nem essa papagaiada toda, e incrível ter que ouvir o monte de "nossa, porque? Povinho sem graça". Não paro mais pra explicar, pq sei q não vou convencer ninguém- e nem preciso.

Fiquei curiosa sobre esse seu vestido. Admiro quem consegue fugir do clichê dessas ocasiões. Eu bem que tento (conheço uma costureita ótima, então sempre desenho os meus vestidos ou adapto modelos), mas não consigo fugir dos brilhos e bordados.

Bloody Mary disse...

Gabriela,

assim que o modelito tiver seus devidos acompanhantes, talvez eu tome vergonha na cara e publique uma foto...

Aguarde!!!

Lucas disse...

"Mas você é básica demais, hein?"

Taí um elogio que eu faria com gosto, apesar de achar que quase nenhuma mulher ia entender isso como elogio.