Se tem uma coisa que me irrita são os vícios de linguagem. Eu, nos meus idos 14 anos, já tive aquela mania do "tipo assim". Eita coisa grudenta! Demandei algum esforço e , dentro de semanas, estava livre do mal que me acometia.
Mas, porém, contudo, todavia, entretando, tem gente que ainda não aprendeu que ficar repetindo a mesma palavra, expressão, gíria ou interjeição NÃO é legal.
Outro dia eu estava vendo um programa na MTV (!) onde uma menina de cabelos cor-de-rosa-fosforecente entrevistava uma atleta da equipe de hipismo brasileiro. Foi um grande festival de pobreza de vocabulário! A rosinha insistia em começar suas perguntas com "Tipo, você blablablá", "Mas tipo, não rola blablablá?". Pó pará! Esse poço de cultura foi escalado pra ter o próprio programa? Ah, é. Eu esqueci que tem uma turma que adora um miguxês e deve pedir pro cabelelero (sic) pintar as melenas "igual às da moça da MTV" (sic reloaded).
Enfim, não bastasse a aprendiz de Tamagoshi ter quebrado o botão do "Tipo", a entrevistada (uma menina de uns 18, 19 anos, paty dos cabelos chapinhados até dizer "Espiga!") colocou na vitrola o disco do "Assim". Juropeloraioquemeparta que a menina colocava um "assim" a cada cinco palavras em uma frase! Caramba! Era um tal de "Assim, o cavalo tem, assim, uma alimentação especial, assim, quando ele vai competir" ou "Mas, assim, quando vai dar o salto, assim, tem que estar muito concentrada". Cazzo! Isso que dá tirar filho da escola pra ganhar o 28º lugar na prova do tambor. Mas, assim, com aquele jeans apertadinho e gloss transparente, o futuro da Lolita já está garantido, tipo, com um cara suuuuuper bem-sucedido!
Fosse só esse meu problema, seria fácil de resolver: desligar a maldita televisão. Mas o que um cidadão de bem, como eu, faz quando a repetição é inevitável???
Eu costumava ir à depilação no Itaim. Lá tinha uma depiladora, acho que se chama Helô, que tinha como mania ficar repetindo o nome da cliente. Como não há nada mais constrangedor do que ficar de calcinha e sutiã em cima de uma maca besuntada de cera até no ouvido, o papo de biombo de depilação é tradicional. Mas a tal da Helô sempre dá um jeito de falar seu nome como se trouxesse sorte, dinheiro ou sabedoria. "Sabe, Mary, a gente busca um companheiro fiel, né, Mary, que seje (sic) carinhoso... Olha, Mary, dobra a perna assim de lado. Isso, Mary!". PUTAQUEOPARIU! Eu não preciso de auto-afirmação. Vai ver que é um exercício dela pra não esquecer de colocar o nome certo na comanda. Grandesbosta. Mas a cereja do bolo foi quando a minha então roommate foi se depilar pela primeira vez com a Helô. Papo de namorado, aquela coisa. A tal da depiladora, em meio aos seus "É, Fulana, a vida é difícil, Fulana", solta: "não abra mão dos seus sonhos", numa metáfora bizarra de abrir as pernas. Pode?
Todo esse brainstorming porque eu tava anteontem à noite, no ônibus, voltando pra casa, sacolejando naquilo que melhor seria definido como pau-de-arara, quando um homem começa a berrar no celular. Ele teve algum problema com o dinheiro que ele emprestou pra uma tal de Sheila. Não bastasse o mau-humor absurdo do sujeito, ele repetia o nome da moça umas 387483974 vezes em cada frase, algo como: "Sheila, que papéis, Sheila? Eu não pedi pra você pegar esses documentos, Sheila. Sheila, você não tá entendendo, Sheila. Você me paga, Sheila, e aí a gente tá resolvido, viu, Sheila?".
GRRRRRRRRRRRR! Se fosse pra ouvir CD riscado, eu colocaria um do Hanson no CD Player do meu carro e ainda não seria aporrinhada por um imbecil que, além de se denunciar como o maior bocó que levou um calote do caramba, não sabe da existência do limite de cotas pelo uso de uma palavra (nome) só. Tipo assim...
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