Vê se pode:
tô fazendo um estágio novo e ainda não me decidi onde almoçar. Como ando na fase de pesquisa de restaurantes, hoje fui num quilo a uma quadra do escritório. Fiz tudo direitinho, como uma moça bem-comportada deveria fazer de acordo com o Manual da Misantropia para Situações Novas. Peguei, pesei e sentei. Como era ainda relativamente cedo, o restaurante não estava lotado e eu sentei numa mesa de quatro lugares perto da TV. Fiquei ruminando minha saladinha, concentrada ora no meu prato, ora no Bandsports. Não me recordo de ter olhado ninguém nos olhos, exceto os 47836 garçons que vieram perguntar se eu queria algo pra beber (odeio garçom que repergunta. Tema pra outro post). Também não me sentei diretamente à frente, ao lado ou no colo de nenhum espécime do sexo masculino. Não dei oizinho, não dei tchauzinho e não tive nem mesmo que arrastar a minha cadeira pra alguém passar.
Pois bem, ao terminar a minha refeição, ajeito meus talheres no prato e minha linguagem corporal denuncia que eu queria me levantar. Neste instante, chegou um dos milhares de garçons e me entregou um guardanapo dobrado, dizendo "Mandaram entregar". Antes mesmo de notar o ponto de interrogação carmim-motel piscante na minha testa, ele foi atender outras mesas. Abri o tal do guardanapo e encontro um nome e um número de telefone. Por alguns segundos, tentei identificar que nome estava escrito, mas não entendi mesmo. Só o número está legível. Aí pensei: o que se passa na cabeça de uma pessoa dessas? Será que eu tenho cara de puta que vai ligar pra qualquer telefone que aparecer na minha frente pra marcar encontro? Será que ele acha que com aquele garrancho eu vou sair me arrastando pelo chão, de cinta-liga e batom vermelho, lambendo seus pés? Será que ele era analfabeto e não sabe escrever nem um "Oi, linda, aceita uma breja?" e, em sua analfabetice funcional, aprendeu a rabiscar o próprio nome e o número da firma? Ou, pior, será que era alguém em busca de socorro emocional e me achou com cara de CVV?
Em todo caso, fiquei com vergonha alheia e resolvi sair e pagar sem olhar pra trás. Só que uma idéia perambula pela minha cabeça: vou ligar pro tal número, perguntar pelo sr. Garrancho, e... aceito sugestões! (sejam maldosos!!!)
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
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