Por vezes, chego mais cedo do que o combinado no meu estágio, no meio da manhã. Como eu não costumo avisar meu chefe com antecedência, já que com maior frequência do que o desejado as minhas aulas são canceladas, eu acabo o surpreendendo.
Houve uma vez, num dia de muito calor, em que eu entrei na sala e o surpreendi de camisa completamente desabotoada, em frente ao computador, de ventilador ligado. Ele se assustou com a porta sendo aberta e se levantou em direção ao banheiro, o que não impediu que eu observasse a cena bizarra. Ele se justificou por causa do calor sauna que fazia. Eu, relativamente constrangida, mas com vergonha alheia acima de tudo, disse que tudo bem, que realmente estava uma caldeira a céu aberto.
Aí eu me pego imaginando às vezes: já pensou se eu entro na sala de repente e ele acabou de soltar um daqueles puns bem fedidos? Tipo, que desculpa ele daria? Ninguém trabalha lá além de nós dois e estamos longe de qualquer rio que possa ser responsável por uma bufa. Deve ser uma daquelas situações de silêncio mortal de cinco segundos, seguida de algum comentário aleatório em relação ao tempo, ao trânsito ou à alta do dolar, naturalmente acompanhado de bochechas muito rosadas. Das duas partes.
Mas não foi por isso que eu comecei esse post. Na verdade, eu queria meio que reclamar (¨meio¨ porque eu não chego a me incomodar, mas não acho muuuito certo) que nas duas vezes que eu cheguei mais cedo no escritório essa semana, encontrei a esposa dele usando o meu computador para resolver questões do trabalho dela. Num dos dias, inclusive, ela estava acompanhada por uma cliente ou sócia, não sei. Mas sempre que eu entro e a surpreendo assim, eu ouço um ¨Opa, tô ocupando seu lugar, né? Já tô saindo¨, e eu faço aquela cara de ¨tá tudo bem, eu preciso fazer um xixizinho mesmo antes e posso arrumar a minha bolsa em cima da cadeira e... olhar pela janela, ver como estão as outras coisas que eu não tenho pra fazer longe do computador¨. Daí ela arruma as coisas meio rapidinho, não sem antes ter espalhado a minha bagunça de folders de um jeito que eu não encontro mais nada.
Na boa, isso não chega a me irritar nem nada, mas eu acho meio folga alguém usar o escritório alheio para resolver pendências sendo que existe na casa dela (não sei se ela tem escritório próprio) computador e acesso à Internet. Mais folga ainda é levar cliente ou sócia pra ir junto. Alí não deixa de ser um local de trabalho de outras pessoas. Sem contar que é um relativo abuso das coisas que são propriedade de outra empresa (meu chefe não é autônomo, pertencemos à uma grande organização).
Pode ser que tenha dado um ataque de ética empresarial em mim, mas eu não ficaria incomodada caso ela pedisse para receber ou passar um fax lá, afinal de contas, nem todo mundo tem um fax em casa.
Sei lá, foi um desabafinho não muito mal-humorado. Talvez seja mania mesmo de criticar.
Deixa de ser cri-cri, menina!
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
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Um comentário:
Tá mais que certa.
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