Se, por acaso, alguém viu ontem uma moça subindo a Rua Teodoro Sampaio descalça, por volta da uma da tarde, muito prazer, sou eu. Não, eu não sou hippie que vende pulseirinhas de ratan, nem ativista do Greenpeace, nem uma artista-plástica doidona fazendo performances nos grandes centros urbanos. Eu sou apenas uma vítima das porcarias de calçadas de São Paulo, principalmente no circuito Pinheiros-Vila Madalena.
Todos os dias, eu faço uma conexão (que chique, benhê!) de ônibus no Largo da Batata. Desco de um ônibus num ponto e vou caminhando até outro. Processo que tira menos de cinco minutos da minha vida diariamente. Pois bem, acontece que o trajeto é praticamente um 200m com barreiras. No caminho estão zilhares de pedestres, camelôs (que muitas vezes bloqueiam toda a largura da calçada, o que nos faz andar pela rua), carroças de papelão e os malditos buracos. Claro que ninguém tocou no tema "crateras urbanas" durante as eleições. Enquanto isso, deficientes físicos, idosos, mães guiando carrinhos de bebê e, por que não, todo o resto da população tem que fazer malabarismos para andar pelas calçadas de bairros bastante centrais. Foi num desses buracos da Av. Faria Lima que eu torci meu pé e arrebentei a minha sandália anabela.
Quero adiantar que, ufa!, não cheguei a machucar o pé, mas bem que poderia. Apenas a tira frontal da sandália que se soltou. O que não deixa de ser um grande inconveniente. Antes fosse a tira traseira, aquela que prende o calcanhar, dava pra andar por aí usando um "tamanquinho acidental". Mas tente andar de sandália (de salto) sem a tira da frente. Simplesmente não rola. O camelô ao meu lado até tentou ajudar, colocando a tira entre os meus dedos, sem sucesso. Eu desisti das tentativas frustradas, tirei os dois pés da sandália e fui fazer um dos programas preferidos das mulheres por obrigação: comprar sapatos.
As pessoas me olhavam incrédulas. Como uma moça toda arrumada sai andando por aí, no melhor estilo Turma da Mônica. Não consegui nem ficar emburrada. Ficou até difícil segurar o riso de tão ridícula que era a situação. Quem conhece aquele trecho da Teodoro, sabe que é uma porcaria só. Bitucas de cigarro são o menor problema. Tem todo tipo de lixo espalhado pelas calçadas, sorvete derretido, poças formadas por ar condicionado, pedrinhas, vidro.... Em busca de uma loja de calçados, fui parando de camelô em camelô pra ver se eles vendiam algo além de Nike Shox falsificado. Depois de duas tentativas frustradas em lojas vagabundas, encontrei uma decente.
Como diz o provérbio, fiz dos limões uma limonada. Resolvi aproveitar a situação, afinal, eu entrava nas lojas e falava para os vendedores "Eu preciso de um sapato", mostrando minha sandália arrebentada. Não queria comprar Havaianas, não. Já que eu estava lá, que fosse pra comprar um sapato bonitinho, oras. Saí da loja toda pimpona com minhas sapatilhas novas. Achei o máximo, inclusive, que os preços daquela loja (Shoe Biz, pras interessadas de plantão). São realmente justos. A gente fica acostumada com as cifras de três números da Arezzo e da New Order e nem pensa que, no caminho por onde passamos diáriamente, existe um sapato esperando para ser chamado de seu.
Essa é minha história do dia. Caso a fatura do cartão venha a me assustar, vou simplesmente me lembrar que meus pés estavam encardidos e não podiam continuar a ver o chão, assim, tão intimamente.
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