domingo, 31 de agosto de 2008

Fashion Police

Essa realmente precisa de explicação, porque Tico, Teco e toda a Disney de neurônios se queimaram de tanto filosofar e não encontrar uma resposta ao dilema: cadê o bom-senso do povo?

Ontem eu fui a um casamento no fim da tarde. Pra quem passou os ultimos dois dias sóbrios, o frio chegou devastando o estado de São Paulo. Absurdamente. Ou seja, a pobre noiva, que contava com um fim de agosto ameno, como todo inverno brasileiro deve ser, planejou uma cerimônia ao ar livre. Tudo bem que é sempre uma loteria casar-se no gramadão; pode chover pencas. Mas enfim, o frio pegou todo mundo de surpresa, mas já na noite de SEXTA-FEIRA. Como o casamento foi 24 horas depois da frente fria, quem não estivesse com a cabeça loooonge nos preparativos estressantes de um casamento (como pais, padrinhos, noivos) teve todo o dia de sábado pra providenciar uma roupa mais quentinha, como eu. Minha familia se preparou, mediante à minha rapida olhada na previsão do tempo. Nós mulheres tiramos as meias-calças do fundo da gaveta, o sobretudo preto da naftalina e arrematamos com vestidos pretos bem comportados e um xale delicioso de mamãe. Homens não têm grandes dramas a enfrentar: terno e suéter. Suportamos a cerimônia até o fim com muito requinte e sofisticação.

A lógica não atingiu, infelizmente, outros tantos convivas. As mulheres, em sua maioria, resolvem pavonear nessas situações. Quando alguma oportunidade para usar o toque de Midas nas roupas e acessórios aparecem, lá estão elas atrás de um aluguel, costureira ou loja de "trajes à rigor" (sic). A regra é clara: decote nas costas ou tomara-que-caia (ou o combo 1+2). O xale, que serve para o momento "sair e voltar para o carro" é de tecido fininho e transparente. Um primor. Pois bem, para não perder a trabalheira toda, deve ter passado na cabecinha-de-vento de 90% das filhas de Eva ontem que "pra aguentar o friozinho é só jogar o xale por cima". E assim foram felizes e saltitantes descer o gramadão (arando a terra com seus saltos 15).

O resultado não poderia ser mais ridículo: todas, mas realmente TODAS estavam sentadas vestindo o blazer do marido/namorado/acompanhante. Um show de glamour. Mas pior do que as tais fulanas, que não queriam abrir mão do vestidão de cetim azul, era a tchurma que confundiu casamento no campo com churrasquinho e arraiá. Nessas horas, acho que estar underdressed é motivo de picar a mula. De jeito algum repreendo as mulheres que usaram calças, já que sofreram menos. Uma calça preta pode ser muito elegante, se usada com bom-gosto e sabedoria. Agora, calça jeans e bota pata-de-bode não dá!

Então eu me pergunto: será que a moçada não aprendeu NADA com a sessão Certo e Errado da Capricho???

2 comentários:

Tia Paula disse...

Uma amiga minha casou no dia mais frio do ano, apenas. Eu, que não era madrinha nem nada, arrasei no terninho preto e ainda assim quase congelei. Ao resto das convidadas restou acabar com o estoque de estolas da cidade (meramente decorativas em termos de aquecimento, diga-se de passagem).

O blog é ótemo, li tudinho...

Bloody Mary disse...

Em um setembro há vários anos, fui a uma festa de debutante. Além de eu estar breguérrima como uma das 15 cavaleiras do apocalipse (sim, na minha conta, aumentou) e suando bicas com a manguinha bufante de tecido sintético, o festival de horrores se completou com a mulherada (e meninada) que resolveu que estava no inverno e colocou casacos e estolas de pele por cima do vestidón.
Tudo bem que a minha cidade é do interior e o povo é brega e cafona por natureza, mas lá faz um calor e uma secura que nem no frigorífico justificava uma carcaça de animal pendurada no pescoço!